Sou das antigas
José Inácio Werneck
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Avon, CT (EUA) – Quando comecei a trabalhar em jornalismo esportivo, em outubro de 1962, havia uma regra quanto aos nomes de times italianos: “nacionalidade e naturalidade”.
O que isto queria dizer?
Queria dizer que o único clube italiano chamado no feminino era a Fiorentina, a moça, a ragazza, a rapariga natural de Florença.
Assim como no Brasil eram e ainda são chamadas no feminino a Portuguesa do Rio, a Portuguesa de Desportos e a Portuguesa Santista. A mulher de nacionalidade portuguesa.
Mas outros nomes no feminino no Brasil eram chamados e ainda são chamados no masculino, porque se referem a clubes, times. O Bahia, que é o Esporte Clube Bahia. O Fortaleza, que é o Fortaleza Esporte Clube. Ninguém jamais confundiu o time com uma edificação para fins militares.
Meu amigo ítalo-brasileiro Sílvio Lancellotti porém lançou a moda de dizer a Juventus, a Inter, a Roma, a Lazio e por aí vamos, porque sabia como eles são chamados na “Bota”.
A adesão do resto da crônica porém não foi imediata. Ainda ontem vi a seguinte manchete em O Globo de 30 de março de 2002, num trabalho que estou fazendo para o site https://twitter.com/brasilcopa70

O Inter, não a Inter.
Quer dizer, durante pelo menos 40 anos depois que eu comecei a trabalhar em jornais a crônica esportiva brasileira manteve-se fiel ao mandato de “nacionalidade e naturalidade”. Provavelmente mais de 40 anos, mas parece que hoje a subjugação é total às ideias do Lancellotti. Dou-lhe os parabéns.
Eu porém, como sou ranheta, continuo a seguir a regra “nacionalidade e naturalidade”.
Há ainda um outro motivo para que assim o faça e é muito simples: se formos seguir a moda italiana, teremos que saber não apenas que times bem conhecidos (Internazionale, Juventus, Roma, Lazio) são lá chamados no feminino. Teremos que saber todos.
Aí então pergunto: Na Itália, Atalanta é masculino ou feminino? Verona? Sampdoria? Bologna? Genoa? Spezia? Parma? Salernitana? Venezia? Brescia? Vicenza? Cosenza? Pescara? Masculinos ou femininos? Será que toda vez que vamos escever o nome de um time italiano temos que mandar um email para a Federazione Italiana Giuoco Calcio perguntando como é que é?
Os jornais espanhois, por exemplo, chamam o Internazionale de Milão no masculino. Por que temos que chamá-lo no feminino?
Abro uma única exceção, que é dizer La Juve ou La Vecchia Signora, porque estes são dois apelidos do Juventus de Turim consagrados na imprensa internacional. Clube também conhecido como I Bianconeri (notem, é masculino).
Quanto aos demais, amigos, perdoem-me, mas sou das antigas.
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Ouvi dizer que é porque os clubes italianos são “associazones”
“Non è vero”. O Juventus de Turim, por exemplo, chama-se Juventus Futebol Club. É um clube, não uma “associazone”. Abs., JIW.
Essa é uma questão complicada, digo, uma situação que foi complicada. Para mais questões sobre essa falta ou perda de padrão, sugiro o livro A IMPRENSA E O CAOS NA ORTOGRAFIA de Marcos de Castro.
Caro Jorge, foi bom ouvir falar em Marcos de Castro, um gigante no domínio da língua portuguesa e em normas de redação. Marcos de Castro jamais concordou em dizer “a Juventus”, “a Internazionale”, “a Lazio”, etc., tachando tudo isto de simples modismo. E estava com a razão. Abs., JIW.
Prezado JIW,
Relendo meu comentário, dei-me conta que pareceu uma sugestão petulante a você. Desculpe-me.
Minha intenção era deixar nos comentários uma dica para os leitores da sua coluna que pertencem à minha geração (menos letrada).
Sim, sim 😀 … eu lembro dessa parte dos times italianos no livro.
Aliás, aprendi bastante coisa no livro do saudoso Marcos Castro.
E neste momento estou tentando reencontrá-lo na estante… 😀
Agradeço por seus textos.
E agradeço a atenção.
Um forte abraço.
Jorge
Sempre bem-vindo, caro Jorge. Abs., JIW.