Azar de quem não viu

por José Inácio Werneck 7 de abril de 2021 às 18:55


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José Inácio Werneck

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Avon, CT (EUA) – Azar de quem não viu Bayern 2 – 3 Paris Saint-Germain hoje em Munique, debaixo de neve.

Dois gols de Kylian Mbappé, com fantástica atuação. Duas assistência de Neymar. Uma finalização fria – tão fria quanto a temperatura – e clínica de Marquinhos. Incríveis defesas de Keylor Navas.

Gramado pesado, mas a bola rodava com tremenda velocidade.

O PSG está perto, muito perto, de eliminar seu adversário alemão, o mesmo que o derrotou na final em Lisboa, no ano passado, e chegar às semi-finais desta temporada na Champions League.

O jogo lembrou-me um pouco tempos mais românticos do futebol brasileiro, em especial uma excursão que nossa Seleção fez à Europa, em 1978, exatamente nesta época do ano – início de abril – para acostumar nossos jogadores ao frio que, esperava-se, eles iam enfrentar na Copa do Mundo daquele ano, a ser disputada no inverno argentino.

Lembro-me que, em Hamburgo, na Alemanha, com a temperatura em quatro graus, integrantes de nossa Comissão Técnica não acreditaram quando viram alguns patos calmamente a deslizar num lago em frente ao hotel da delegação.

Julgavam que os bichos eram de plástico e tive que explicar-lhe que as penas das aves eram um protetor térmico mais eficaz do qualquer sobretudo que os distintos cavalheiros comprassem nas lojas de Paris ou Londres, por onde também passou nossa delegação.

Havia ainda quem temesse que os jogadores contraíssem pneumonia.

Hoje, com praticamente toda a Seleção Brasileira jogando na Europa – e campeonatos, como o inglês, em que eles não param nem durante o inverno – tais receios ficaram esquecidos.

O que não ficará esquecido porém será a qualidade, a emoção e a incrível intensidade do jogo que vimos hoje em Munique, com neve rodando no ar e a bola rolando no impecável – apesar de tudo – gramado, onde carros especializados fizeram a limpeza do terreno no intervalo do primeiro para o segundo tempo.

As condições da partida, com um gol de Mbappé logo de início, ditaram que o Bayern iria pressionar ferozmente e o PSG contra-atacar. Foi o que o time francês fez, arrasadoramente.

Lá pelo meio do primeiro tempo Marquinhos, o zagueiro central, mostrou a frieza de um atacante carimbado ao marcar o segundo gol, depois de um passe de Neymar que pegou a defesa alemã no contra-pé, saindo da área depois da cobrança de um córner.

O marcador desfavorável de 2 a 0 só fez o Bayern dominar ainda mais a partida. Era o clássico rolo compressor, ao que o PSF retrucava com contra-golpes que exploravam a velocidade de Mbappé.

Alguém já teve a ideia de cronometrar um sprint dele de 50 metros? Só um Usain Bolt pode alcançá-lo.

O belo gol de Marquinhos foi também sua última participação na partida, pois teve que sair com princípio de distensão, o que obrigou o PSG a mexer em dois lugares: Ander Herrera entrou no meio de campo no lugar de Danilo e este passou a zagueiro central.

Foi aí mesmo que o Bayern aproveitou para fazer um gol, num cruzamento para Choupo-Moting em que Danilo ficou apenas olhando.

Choupo-Motinho, jogador que saiu do PSG com passe livre.

O segundo tempo, se possível, foi ainda mais intenso do que o primeiro. O Bayern empatou através de Thomas Müller, novamente numa bola alta sobre a área, mas um contra-ataque outra vez com Mbappé, que entortou o zagueiro central Boateng, deu ao Paris Saint-Germain a vitória e, ainda mais importante do que isto, três gols no campo do adversário.

Terça-feira será a segunda partida, no Parc de Princes, se o lockdown permitir.

Se o jogo for 80% da que aconteceu em Munique, os espectadores terão um grande espetáculo. Azar de quem não viu hoje.

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  1. mosqueteiro disse:
    7 de abril de 2021 às 19:40

    Infelicidade de Nóia no primeiro gol mas do outro lado,Navas talvez tenha realizado um dos melhores jogos em sua carreira e assim como Mbappé,foi fundamental na vitória.
    Neymar solidário e sereno.Será que a hora do PSG está chegando?
    Lembrei-me de um antigo colega que dizia “muitos contam com o ovo no bumbum da galinha ma há que conte com ele nos testículos do galo”.É bom esperar um pouco mais.

    Responder
    • José Inácio Werneck disse:
      8 de abril de 2021 às 08:37

      Verdade nos dois casos. Neuer cometeu um erro capital, apesar da força da bola e da proximidade em que se encontrava Mbappé. Quanto ao Navas ele é mesmo muito bom, perdeu a batalha para o Courtois no Real Madrid mas nada deve ao belga. Abs., JIW.

      Responder

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José Inácio Werneck

Tem 84 anos, cobriu sua primeira Copa do Mundo em 1966, sua primeira Olimpíada em 1976, é jornalista, advogado, tradutor e Intérprete Judicial, trabalhou no Jornal do Brasil, Última Hora, Editora Bloch, BBC de Londres, TV-E do Rio de Janeiro, Jornal dos Sports, Estado de São Paulo, Gazeta Esportiva, ESPN International, ESPN Brasil, escreve a coluna, agora blog, Campo Neutro desde 1974, autor de livros, fundou a Maratona do Rio de Janeiro, a Associação de Maratonas Internacionais e o Triathlon do Rio de Janeiro.

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