ANDREA, ANDRÉS E MANU
Nada mal para um domingo na frente da televisão.
No Maracanã, Balotelli dominou os olhares durante Itália x México.
Mas eu queria falar de Andrea Pirlo.
Menos pelo lindo gol de falta (do qual o goleiro Corona quis participar, ao invés de evitar, recolhendo o braço), mais pela condução de uma Itália que gosta de jogar.
O time de Cesare Prandelli é diferente do que nos acostumamos a ver por causa de Pirlo.
Ele é a etiqueta de qualidade no trato, a conexão entre partes que precisam se associar para que o futebol seja praticado como deve.
Pirlo transporta a Itália do campo de defesa com a elegância dos que se orgulham de seu ofício, com a precisão dos que se aperfeiçoam com o tempo.
Ele declarou que era um privilégio fazer seu centésimo jogo com a camisa da Itália num lugar como o Maracanã, e celebrou com um gol que Zico assinaria.
Em Pernambuco, a Espanha tratou o Uruguai como um grupo de aprendizes, especialmente no primeiro tempo.
Num mundo em que a maioria das seleções procura se adaptar a conceitos semelhantes de jogo, os espanhóis continuam ostentando sua identidade.
Andrés Iniesta, o melhor jogador de meio de campo do mundo, é o grande intérprete de um estilo que encanta e vence.
Há quem não goste, claro.
Assim como há quem vá a um museu e diga que “prefere outro tipo de arte”, sem necessariamente ter ideia do que fala.
A Espanha teve a bola por algo entre 72% e 75% do tempo (dependendo da fonte), números absolutamente assustadores para um jogo de competição.
Controlou o encontro e seu destino, como quase sempre.
Implicar com um estilo de jogo capaz de produzir tal superioridade, tendo em conta a quantidade de talento e atributos técnicos necessários para tanto, revela uma certa dose de ignorância.
À noite, em San Antonio, o quinto jogo das finais da NBA poderia sinalizar um caminho escuro para Manu Ginobili.
O jogador dos Spurs parecia experimentar o rápido declínio físico que encerra carreiras esportivas.
Duas conversas com o técnico Gregg Popovich reforçaram a importância do argentino para as pretensões de seu time.
E um lugar entre os cinco titulares dos Spurs lhe deu a injeção de confiança necessária para produzir.
Ginobili fez 24 pontos, os Spurs venceram o Heat por 10 e estão a uma vitória do título.
Manu é um conquistador nato. Triunfou por onde passou. Afundar seu time nas finais da NBA seria um registro anormal em seu currículo.