AS COPAS
Por um tempo inteiro, e pela segunda vez, o Corinthians (1 x 1 com o Santos: Neymar e Danilo) esqueceu-se de jogar.
De jogar como deve, como sabe, quando está em casa.
Apenas esboçou uma marcação mais agressiva no campo do adversário, nos minutos iniciais. Conformou-se com um posicionamento recuado, pouco característico. Já tinha sido assim no primeiro tempo do jogo contra o Vasco.
Necessário dizer, e isso é importante, que essa postura de espera não era o que estava combinado. Tite pediu várias vezes para que o time se adiantasse no gramado.
O fato de não ter sido atendido tem a ver com a atitude equivocada dos jogadores em campo e, claro, com a qualidade do Santos.
Não era de se esperar que o Corinthians tivesse o controle das ações, ou mais posse do que o Santos. O que se imaginava era que o time repetisse o que fez na primeira etapa do jogo na Vila Belmiro.
Que tivesse personalidade e oferecesse risco.
Mas o que se viu foi o Santos ocupando o campo de ataque e, ainda que o número de chances não fosse alto, rondando a área de Cássio.
Quando se chama um adversário para o seu campo e se produz pouco em termos de contra-ataque, o risco aumenta muito. Risco de uma jogada bem construída por jogadores do nível de Ganso e Neymar. Risco de um chute que desvia e toma o caminho do gol. Risco de um lance pelo lado do campo se transformar num gol no rebote.
1 x 0, merecido. Para ambos.
Em outras épocas, já vimos momentos parecidos tantas vezes, o gol sofrido seria o início do fim para o Corinthians. Pressão, desequilíbrio, erros, eliminação.
Um segundo gol santista certamente faria o Pacaembu desmoronar.
Mas foi no momento mais perigoso, mais sensível, que o Corinthians se sustentou e começou a mudar os rumos do clássico. Encerrou o primeiro tempo sem sofrer e voltou do intervalo modificado.
Haverá quem diga que a entrada de Liédson (em lugar de William) não surtiu efeito prático. Ou que não teve tempo para tanto, já que o empate saiu aos dois minutos.
Mas foi Liédson quem sofreu a falta que originou o gol de Danilo. Danilo… notável como ele se apavorou no momento de dominar a chutar cruzado, não?
A partir daquele instante, o Corinthians – aí, sim – lembrou-se de como deve jogar.
Vigiou Ganso, apagado como no primeiro jogo. E conteve Neymar, que procurou diferentes áreas do campo, mas não se desvencilhou de Ralf.
A noite de ontem ficará na história do Corinthians e na memória do corintiano como “a primeira”.
A primeira vez em que o nome do time e as palavras “final” e “Libertadores” puderam ser relacionadas diretamente.
Para chegar ao título, será fundamental que o time recupere sua forma de atuar em casa.
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Só pude acompanhar os melhores momentos de Coritiba (2 x 0: Émerson e Everton Ribeiro) e São Paulo.
O time paranaense, organizado e competente, recuperou em casa a desvantagem que não deveria ter permitido no Morumbi.
A segunda decisão consecutiva de Copa do Brasil mostra que o resultado do que se faz no Coritiba não vem por acaso.
E o São Paulo amarga a quinta eliminação seguida num mata-mata, após vencer o jogo de ida por 1 x 0:
Grêmio, Libertadores 2007 (2 x 0 na volta).
Fluminense, Libertadores 2008 (3 x 1).
Avaí, Copa do Brasil 2011 (3 x 1).
Libertad-PAR, Sul-Americana 2011 (2 x 0).