E MOU FALOU
Numa entrevista coletiva em que realmente falou, José Mourinho conseguiu algumas proezas.
Primeiro, dispensou a opinião de Alfredo Di Stefano. O presidente de honra e símbolo do madridismo criticou a forma como o Real Madrid jogou no último sábado. Após frisar que Di Stefano é uma das figuras mais importantes na história do clube, Mourinho disse que ele – Mourinho – não era nada na história do Real Madrid, mas era o técnico. E é o técnico quem decide.
Depois, numa resposta que comecou exemplar, apontou para “a imprensa” de Madri. A pergunta tinha sido sobre o estilo de jogo de seu time. Mourinho começou dizendo que “vocês estavam acostumados a um Madrid em que seis defendiam e quatro atacavam. Hoje, todos trabalham. Meu time pode não ganhar amanha, pode não ganhar a Champions, mas não está longe de conseguir porque todos trabalham. E isso parece um problema para alguns de vocês. Só que, como diz meu amigo Messina, nós temos dúvidas se a imprensa de Madrid quer que o Madrid ganhe ou quer que o Madrid perca.”
Algumas ponderações sao necessárias:
1 – É difícil encontrar um time que seja mais apoiado nos jornais de sua cidade do que o Real Madrid.
2 – o discurso de vítima é batido, mas ainda funciona.
3 – o Messina citado está em dificuldades.
O italiano Ettore Messina era técnico do time de basquete do Real Madrid até o mês passado e é amigo de Mourinho. Não sei se ele já disse publicamente o que Mourinho afirmou. Se não disse, agora está mal na foto com “a imprensa” e não pode desmentir o amigo. Deve ter adorado.
Mas o grande momento da coletiva do melhor treinador do mundo veio na sequência. Ainda falando sobre a forma de jogar, Mourinho acrescentou que a torcida está com ele, que abriu os olhos para a realidade de que um time precisa se defender com 11 jogadores.
É sensacional. Depois de mais de 100 anos de história, e nove títulos europeus, o madridismo finalmente acordou para o futebol.
A modesta sala de imprensa do Mestalla, superlotada, apreciou a declaração.
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Informação interessante sobre uma preocupação dos organizadores da decisão desta quarta. O hino nacional da Espanha será tocado a 120 decibéis no estádio.
O objetivo é abafar as vaias da torcida do Barcelona e evitar o que aconteceu antes da final de 2009, no mesmo Mestalla.
O rei Juan Carlos estará presente e quer ouvir o hino.
Uma campanha divulgada em redes sociais aproveitou o tema Espanha x Catalunha, que se apresenta sempre que Real Madrid se enfrentam: “um madridista, um coração, uma bandeira”. A campanha pede que torcedores do Real Madrid levem bandeiras da Espanha para o estádio.