NFL: SITUAÇÃO DE MOMENTO
Na semana passada, Roger Goodell enviou uma carta a todos os jogadores (e alguns agentes) da NFL.
Nela, o comissário da Liga detalhou a última proposta que os donos de times fizeram à Associação dos Jogadores, minutos antes das negociações em Washington falharem e a próxima temporada se transformar numa longa e complicada batalha judicial.
A carta começa, textualmente, com as palavras “Querido jogador da NFL”, mas foi recebida pelos atletas como uma ferramenta estratégica maquiavélica.
“Dividir para conquistar” é uma tática quase tão antiga quanto o ser humano. É evidente que os jogadores serão mais afetados do que os donos dos clubes, no aspecto financeiro. Nessa briga de bilionários contra multimilionários, os atletas estão do lado “mais fraco”.
Plantar a semente da discordância entre 1900 jogadores de situações financeiras e opiniões diferentes, pode dar resultado.
Aparentemente, pelo menos por enquanto, não deu.
Dias depois, um grupo de jogadores liderados por Jeff Saturday, center do Indianapolis Colts, e Mike Vrabel, linebacker do Kansas City Chiefs, deu uma entrevista coletiva e deixou claro que os atletas permanecem unidos e em consenso quanto à posição da Associação.
Mais: Vrabel declarou que o comitê de negociação que os representa não quer mais se reunir com Goodell ou Jeff Pash, o executivo número 2 da NFL. Os jogadores querem falar com os donos mais diretamente envolvidos nas negociações.
Em questão de horas, a Liga divulgou um comunicado oficial dizendo que aceita a proposta de Vrabel, desde que os jogadores queiram voltar para a mesa.
A resposta formal à carta de Goodell foi enviada ontem. Começa com “Querido Roger”, mas bate forte no comissário.
Logo no segundo parágrafo, está escrito o seguinte, em negrito: “… nós estávamos presentes às negociações, e conhecemos a verdade sobre o que aconteceu…”.
O texto ainda afirma que os donos não conseguiram explicar por que pretendem modificar a divisão dos lucros, e que a última proposta é, de fato, pior do que a penúltima.
Os jogadores concluem: “suas afirmações são falsas.”.
Ainda que os movimentos mais importantes aconteçam nas esferas trabalhista e judicial, está claro que donos e jogadores têm interesse em se posicionar aos olhos da opinião pública.
Era absolutamente lógico que as cartas chegariam à imprensa.
O fato, desanimador, é que os dois lados não se comunicam diretamente.
A próxima data importante continua a ser 6 de abril, quando haverá uma audiência para determinar a validade do locaute.
Quem sair vencedor (o resultado será conhecido alguns dias depois) determinará os passos seguintes na direção da realização da temporada de 2011.